Paramos um pouco nesta aventura pelo rio da vida.
Sentados na margem, eu perguntei-lhe:
- Que lês?
- A Nova Medicina, de João Lobo Antunes.
Aproximei-me e, na página 10, li as seguintes palavras assinaladas a lápis:
"não sei o que nos espera, mas sei o que me preocupa: é que a medicina, empolgada pela ciência, seduzida pela tecnologia e atordoada pela burocracia, apague a sua face humana e ignore a individualidade única de cada pessoa que sofre, pois embora se inventem cada vez mais modos de tratar, não se descobriu a forma de aliviar o sofrimento sem empatia ou compaixão".
Quando mente e coração se olhavam olhos nos olhos, pensei: Não é possível chegar aqui sem a dimensão do Espírito.
Meus olhos voaram para a página seguinte que confirmou o meu raciocínio:
"reconheço a necessidade de manter uma vigilância constante, pois não é possível reduzir a doença a uma questão solúvel apenas por esta tecnociência hegemónica que reduz cada doente a um caso, e ignora a dimensão psicológica, espiritual e até religiosa".
Entreolhamo-nos.
Ele sorriu e escreveu a sua (ou nossa?) palavra enigmática.
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