domingo, 27 de fevereiro de 2011

Religião (4)

Continuando o (auto)diálogo, retomo a deixa do último post:

- Eu sei que tu és ASD.

Porque sorri e fiquei em silêncio, ela abriu a sigla:

- Ou seja: tu és Adventista do Sétimo Dia.
- Serei? - perguntei eu, em jeito de provocação.
- Porquê esse teu jeito enigmático, ou talvez ambíguo? - insistiu.
- Talvez porque o que eu pretendo ser é "adventista dos 7 dias", sem deixar de reconhecer o Sábado como memorial da Criação.
- O assunto em questão, nestes quatro posts é "Religião". Por isso: És ou não membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia?
- Oficialmente, apesar de um pouquinho "rebelde" à "formatação adventista",entenda-se crenças, normas, hierarquia... (tudo o que é formal)
afirmo: sou "adventista" e creio que sou considerado como tal...

Como mais não disse e não direi, porque como diz a sabedoria popular "para um bom entendedor meia palavra basta", ela concluiu:

- Razão tinha a tua amiga Noémia quando, numa reunião em sua casa (ainda a Aventura da Saúde ainda era um Grupo, penso eu), acerca de ti, disse publicamente "eu não compreendo como alguém com uma mente tão universalista, esteja ligado a uma seita".
- Eu sou...
- Tu és incoerente! - catalogou-me subindo o tom da voz.
- Também sou. E...em muitos aspectos da minha vida. Mas encanta-me o Caminho, a Verdade e a Vida!!!
- Fechamos o conjunto de posts sobre Religião?
- Penso que estes quatro, para os bons entendedores, são suficientes. Por isso o próximo título será "Religiosidade".

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Religião (3)

A uma hora e num ambiente tranquilo, uma pergunta turbulenta:

-Tens alguma Religião?

Recorrendo à imagem do rio, pergunto-me se haverá algum perigo submerso nesta tranquilidade. Mesmo assim, entro no diálogo:

- Por Religião devo entender?
- Igreja-Instuição.
- Tenho...
- Não és CAR, ou seja Católico-Apostólico-Romano.
- Sou CASER=Católico-Apostólico-Segundo-a-Epístola-aos-Romanos.
- Brincas?
- Sim, gosto de brincar com coisas sérias.

A imagem do Sol, no azul do Céu, que se reflecte no Rio da Vida, anima-me a prosseguir nesta aventura.
Pego no fio da conversa:

- Retomo a questão inicial: "Tens alguma Religião?" . Quando respondi "Tenho", em pensamento acrescentei algo mais.
- O quê?
- Tenho... mas ela não me tem a mim.
- Explica-te.
- Vou tentar. Olha comigo para a margem. Vês aquele pardal? Ao longo da vida há sempre alguém que nos procura engaiolar. E dá "boas"razões para tal crime: segurança, companhia, conforto, alimento...
-E?
- As aves têm asas para voar em espaços abertos, amplos... Gaiolas são coisas dos homens e não das aves.
- Estás a querer dizer que as Religiões são Gaiolas?
- Tu o dizes.
- Eu sei que tu és ASD.

Um velhinho chamado Tempo, reclamou a nossa atenção.
Continuaremos, no "próximo capítulo".

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Religião (2)

Estive lá.
Privei com ele: o Padre Jornalista-Escritor.
Trouxe o segundo livro que é o primeiro da sua trilogia (o terceiro sairá para a Primavera).
Conversando sobre Religião, eis o seu conceito da mesma:

- Alienação.

De "pack" de regras, dogmas, ritos... a alienação. Eis uma visão ou entendimento multifocal, plural, que não magoa quem, objectiva e desinteressadamente, navega, livremente, por estas águas profundas e, tantas vezes, turvas. Ou antes, intensamente turvas.

É óbvio que água é sempre água, mas pode trazer à mistura mais ou menos "veneno", que, perante a necessidade deste elemento vital, em vez de vida, podemos beber doença ou morte. Daí a pergunta: será que regras, dogmas, ritos... correspondem a águas estagnadas, símbolo de alienação, manipulação e destruição?

- Está o Ser Humano ao serviço do referido "pack" dogmático e ritual? - pergunta alguém.

Nenhum olhar de raiva ou de ironia. O silencio facilita a reflexão. E a palavra flui, como a água da ribeira:

- Nunca!!! Normas, regras, dogmas, rituais... poderão ser úteis para "religar", se estiverem ao serviço do Ser Humano, na sua dimensão Pessoal, Social e Cósmica...

- O contrário é alienação! - concordo eu.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Religião (1)

Usando, então o, por mim já referido esquema do Mestre dos mestres e consciente da complexidade simples ou da simples complexidade da Vida, apesar de analfabeto do EU, leia-se do Espírito Universal, presente em Tudo e em Todos, vou ousar seguir a sugestão "remanascente".

Eis-me na "foz" ou perto. Num auto-diálogo ou mais do que isso?

- Que dizem os homens sobre a Religião?

- Religião (do latim: "religio" usado na Vulgata, que significa "prestar culto a uma divindade", “ligar novamente", ou simplesmente "religar") é um conjunto de crenças sobre as causas, natureza e finalidade da vida e do universo, especialmente quando considerada como a criação de um agente sobrenatural. (Ler mais em Wikipédia. A ênfase é nossa);

- A religião é o ato de formalizar através de um conjunto de práticas a busca de uma ligação com algo transcendente. As religiões deveriam cumprir um papel de desenvolver no ser humano a espiritualidade e religiosidade, porém nem todas cumprem esse propósito. A grande maioria das religiões ainda está presa a dogmas, ao fanatismo, a superstição, ao pensamento mágico que faz com que o ser humano se afaste da própria essência e do Deus cósmico, Energia Criadora do Universo. Muitas religiões inclusive são regidas pelo próprio paradigma materialista, em nome das quais, criam-se guerras "santas", morte e destruição de pessoas e ideais. (Mais em palavras de condão: forum-livre; A ênfase é nossa).

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Religião, religiosidade, espiritualidade

Estava à mesa, num convívio de amigos.

Um pastor adventista e um leigo, conversavam sobre problemas dentro de igrejas, que tinham a ver com "mensagens perigosas", propagadas por alguém. Talvez porque desconhecia o contexto, eu apenas escutava.

Porém, quando eu menos esperava, o pastor dirigindo-se a mim, pergunta-me:

- O Zé Duarte o que diz!

Como se tivesse a resposta engatilhada, respondi:

- Há leigos e pastores que são uma inspiração!

As minhas palavras, que até a mim me surpreenderam, não foram tidas em conta. E o rumo da conversa continuou, no registo anterior, antes de eu ser interpelado.

Continuei a ouvir, procurando razões a montante, onde tudo se pode tornar mais claro e mais inspirador.

Um segundo retalho da minha vida:

Juntamente com um amigo (bem mais velho do que eu, um leigo católico muito activo, amigo que eu prezava muito) esperavamos junto ao adro da igreja, da nossa terra. Esperavamos por quem e para quê? Por outros amigos e conterrâneos, para, cada qual, irmos em seguida para reuniões diferentes, dentro do salão paroquial.
De repente, acontece algo que eu não esperava: o meu, amigo, olhos nos olhos, interpela-me:

- Quando voltas para a liturgia?

Tal como no caso anterior, a minha resposta foi imediata:

- Eu estou na liturgia!

Mais não dissemos, nem ele, nem eu.

Tendo em conta o título desta reflexão, em jeito de autodiálogo, procuro entender onde estão subjacentes os três conceitos em questão:

- Religião?
- Nas palavras "pastor adventista"?, "leigo"?, "igrejas"?, "mensagens perigosas"?, "católico"?, "liturgia"?...

Em nome da honestidade intelectual, parece-me que devo ter em conta o que encontrei na já referida pesquisa bibliográfica, cuja primeira meta (ler o material seleccionado da net) já foi, atingida. Sendo assim, dedicarei um, ou mais posts, a cada uma das palavras, do título de hoje.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Canoa, sim, margens e pontes, não.

É claro que margens e pontes fazem sentido, mas, para mim, o elemento forte e frágil desta imagem espiritual a que chamo "Aventura no Rio da Vida" é a canoa.

Canoa que me faz pensar no corpo que, por ser móvel, vai ou navega segundo o aventureiro-espírito.

Espírito
que, qual vento, ninguém sabe de onde vem e para onde vai, e qual a sua vontade. Poderá assemelhar-se... desde a brisa até ao furacão.

Quando? Onde? Com quem? Em que circunstâncias? Com que efeitos?...

Que sei eu? Nada, apesar de muitas leituras, muitas reflexões, muitas experiências...

Ele? Tenho a certeza que tudo sabe.
É só dar-Lhe oportunidade.

E aqui estou, para, como o "Pardinho" (no final veja o vídeo, clicando em Funtocha), aventurar-me rumo à nascente.

Já na água das células de todo o meu ser, algures, na minha mente?, as palavras do bem conhecido neurocientista português António Damásio:

Todos os espantosos feitos dos cérebros que tanto reverenciamos, desde as maravilhas da criatividade aos nobres píncaros da espiritualidade, parecem ter surgido graças a essa determinação de gerir a vida dentro do corpo que habitam.
(O Livro da Consciência, p.59)